ei, cê tá aí?
como estão as coisas? e aquele probleminha, vai bem? ontem você conseguiu dormir mais cedo? ah, bem, imaginei.
o lápis tá aqui berrando por palavras. ele inventa e desinventa, cria e recria tentando entender coisas que já deixei pra lá. mas ele é feroz, sabe? não desiste. e, por persistir, acha. acha que de achados somos feitos, acha que tudo na vida é invenção. gosta de imaginar um futuro seguro, um ponto qualquer preenchido de curvas, de linhas tortas para escrever o que muitas vezes não cabe na fala. digo que não digo, que não consigo, mas a verdade é que prefiro evitar qualquer mágoa que possa vir a me incomodar – a-me-fazer-sentir. o incômodo, às vezes, não me deixa dormir. o travesseiro mexe com as angústias, desperta sentimentos passados tão presentes quanto o futuro, não deixa que o lápis siga em paz. ele necessita. ele instiga. ele gosta do meu bloquinho-da-mesinha, adora minha bagunça organizada que, ora ora, é amante. mas eu só desejo saber das certezas, do real movido pelas letras, das criações da realidade que não se perdem sozinhas. eu quero saber de verdade, deixar as curtidas de lado pra poder seguir. quero que hoje a gente possa ser mais do que amigos-quase-inexistentes. o rabisco sabe que me invadi, que me permiti, que cansei. cansei de não-falar, de não-dizer, de não-discutir. de não estar presente. a vida é real, e a risada que damos por uma mensagem é tão insana quanto o nosso acreditar de que aquelas palavras dizem de fato alguma coisa. não expressam, representam o nada. [quem viu por último?] a tentativa se tornou exaustiva.
mas, ahh, que foto bonita! gostei. como foi a viagem? cê curtiu muito, pelo visto. vi tantas fotos que parecia que eu tava com você. só que eu não tava, né? pois é. complicado mesmo.
por mais que eu tente, o lápis não me deixa mentir. é que ele tá berrando seriamente, tá explodindo por escrita, tá implorando que eu diga que quero presenciar. quero conversar com os seus olhos pra tentar compreendê-los, quero prestar atenção em cada detalhe pra poder te conhecer. quero deixar de escrever sozinha e construir uma história pessoal; contínua, maluca, irreal. preciso de qualquer coisa que me faça pensar em algo movido por atitudes concretas.
você quer? tudo bem você não querer… a gente tem esse direito. somos feitos de atitudes assim, virtuais, pequenas perante tamanha humanidade. dizemos coisas que machucam por alto, por um vazio, pelo abstrato. encontramos ideias parecidas pelo compartilhamento e mostramos que queremos por uma curtida. uma, duas, três… tanto faz: a gente sempre quer mais.
acho que você deve querer, acabou de curtir um post meu. vou retribuir, peraí. ah! se você quiser fazer algo, me manda uma mensagem, ta? é só falar. não devo demorar pra responder. só dez minutinhos!
vou lá, o lápis tá apitando. a ideia tá sobressaindo. preciso anotar o passo a passo dessa minha abstração incompreendida e perversa, entender alguma coisa pra poder escrever. preciso mergulhar, enfim, nessa eterna hipocrisia. tá a fim?
(acabou a bateria)
amor,
Caca